Beijinhos e abraços
sexta-feira, 20 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
«Viagem»
O beijo da quilha
na boca da água
me vai trocando entre céu e mar,
o azul de outro azul,
enquanto
na funda transparência
sinto a vertingem
de minha própria origem
e nem sequer já sei
que olhos são os meus
e em que água
se naufraga minha alma
Se chorasse, agora,
o mar inteiro
me entraria pelos olhos
(Fevereiro 1984)
Fonte:
«POESIA»
Mia Couto
Ed. FrenteVerso (Visão)
na boca da água
me vai trocando entre céu e mar,
o azul de outro azul,
enquanto
na funda transparência
sinto a vertingem
de minha própria origem
e nem sequer já sei
que olhos são os meus
e em que água
se naufraga minha alma
Se chorasse, agora,
o mar inteiro
me entraria pelos olhos
(Fevereiro 1984)
Fonte:
«POESIA»
Mia Couto
Ed. FrenteVerso (Visão)
sábado, 7 de março de 2009
TANTO MAR
1.
São nove da manhã.
Acabei de me sentar na "Confeitaria do Monte", aqui na Guia.
Acabei de me sentar na "Confeitaria do Monte", aqui na Guia.
Manhã soalheira.
Mar azul forte e calmo.
É de uma brincadeira que se trata se pensar que este mesmo mar é capaz de tremendas fúrias na Boca do Inferno e hoje, displicente, parece satisfeito lambendo, calmo e apaziguado, o rodapé da falésia.
O contraste entre o azul do mar e o cerúleo do céu, a linha do horizonte afinal, tão perfeita, tão exuberante, irrepreensível na sua definição, deveriam reconfortar-me.
Competia-me aproveitar tamanha placidez.
Mas não.
Dispor de todos este privilégios para nada, entristece-me.
Mar azul forte e calmo.
É de uma brincadeira que se trata se pensar que este mesmo mar é capaz de tremendas fúrias na Boca do Inferno e hoje, displicente, parece satisfeito lambendo, calmo e apaziguado, o rodapé da falésia.
O contraste entre o azul do mar e o cerúleo do céu, a linha do horizonte afinal, tão perfeita, tão exuberante, irrepreensível na sua definição, deveriam reconfortar-me.
Competia-me aproveitar tamanha placidez.
Mas não.
Dispor de todos este privilégios para nada, entristece-me.
O Raul pediu, e eu, tonta, ainda aceitei conceder-lhe a manhã para sair lá de casa.
«Quando voltar não quero ver cá em casa uma única coisa tua, ouviste? -- Uma sequer!»
«Só preciso de uma hora!»
«Dou-te duas!»
«Quando voltar não quero ver cá em casa uma única coisa tua, ouviste? -- Uma sequer!»
«Só preciso de uma hora!»
«Dou-te duas!»
O batido de morango estava bom; o croissant com fiambre, nem por isso.
Comprei um diário, um semanário e uma revista, para nada.
Não consigo ler.
Comprei um diário, um semanário e uma revista, para nada.
Não consigo ler.
2.
A Isabel, a minha ex-mulher, enviou lá para casa um postal -- Quem é que ainda envia postais numa época destas! -- «Se afinal não te sentes feliz, a hipótese de reatarmos é viável. Beijos!»
Como é que uma armadilha tão rasca é tão eficaz?
A ideia de roturas incompletas ou de "um pé lá e outro cá" inquina qualquer relação.
Como é que uma armadilha tão rasca é tão eficaz?
A ideia de roturas incompletas ou de "um pé lá e outro cá" inquina qualquer relação.
A confiança quebrou-se.
Insanável.
Uma verdadeira atrocidade.
A Ana recusou ouvir-me.
Só me restava sair.
Demorei meia-hora.
Insanável.
Uma verdadeira atrocidade.
A Ana recusou ouvir-me.
Só me restava sair.
Demorei meia-hora.
***
Convidei-as para celebrarmos o meu aniversário.
Almoçaríamos, livres das desavenças antigas.
Aceitaram.
Quando o estafeta quis entregar as pizzas, a confusão no restaurante excedeu a tolerância dos empregados e das senhoras.
Uma em cada mesa, ignorando-se e espumando de raiva estiveram prestes a explodir.
Ausente, passeava-me pela cidade.
Almoçaríamos, livres das desavenças antigas.
Aceitaram.
Quando o estafeta quis entregar as pizzas, a confusão no restaurante excedeu a tolerância dos empregados e das senhoras.
Uma em cada mesa, ignorando-se e espumando de raiva estiveram prestes a explodir.
Ausente, passeava-me pela cidade.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
ESTA MANHÃ

Metro de Lisboa Estação das Olaias
Gentileza GoogleEsta manhã, na estação do metro das Olaias, entrou um sujeito irrepreensivelmente escanhoado mas com uma nuvenzinha de creme de barba em cada lóbulo das orelhas.
Uma senhora ao meu lado sorriu e, ao olhar para mim, fez um esgar pedindo-me que fosse cúmplice do seu escárnio.
À tarde, passei pela 5àSec para recolher um casaco de meia estação e deixar um blazer.
Vesti o casaco.
Vesti o casaco.
A jovem não me avisou, eu não reparei: os botões das mangas do casaco estavam protegidos por pratas.
Entrei na estação do metro do Marquês. Havia um lugar vago. Sentei-me.
A senhora à minha frente sorriu.
A senhora à minha frente sorriu.
Eu...
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
«CARTAS DA TERRA»


Quando Cristo acabou de pensar, disse:
-- Pensei. Vede!
Levantou a Sua mão, e dela brotou um jacto de fogo, um milhão de estupendos sóis, que fenderam a treva e alaram para longe, para muito longe, diminuindo em magnitude e intensidade à medida que atravessavam as longínquas fronteiras do Espaço, até que, por fim, não eram mais do que cabeças de prego adamantinas a cintilarem debaixo do imenso telhado abobadado do universo
(...)» (Pg.7)
(...)
CARTA DE SATANÁS: «Este é um lugar estranho, um lugar extraordinário e interessante. Não há nada que se assemelhe por aí. As pessoas são todas loucas, os outros animais são todos loucos, a terra é louca. O homem é uma curiosidade maravilhosa. Quando está no seu melhor, e uma espécie de anjo niquelado de baixa categoria; no seu pior, é inqualificável, inimaginável; e, tudo considerado e a toda a hora, é um sarcasmo. Apesar disso, intitula-se, de modo lisonjeiro e com toda a sinceridade, a «mais nobre obra de Deus». É verdade, isto que vos conto. E esta ideia não é novidade nele: ele tem-na discutido ao longo dos tempos e acreditado nela. Acreditado nela, e não encontrou ninguém em toda a sua raça que se risse disso. (...) »(Pg.13)
Fonte:
«CARTAS DA TERRA»
Mark Twain
Ed. Bertrand
-- Pensei. Vede!
Levantou a Sua mão, e dela brotou um jacto de fogo, um milhão de estupendos sóis, que fenderam a treva e alaram para longe, para muito longe, diminuindo em magnitude e intensidade à medida que atravessavam as longínquas fronteiras do Espaço, até que, por fim, não eram mais do que cabeças de prego adamantinas a cintilarem debaixo do imenso telhado abobadado do universo
(...)» (Pg.7)
(...)
Fonte:
«CARTAS DA TERRA»
Mark Twain
Ed. Bertrand
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
«O Estranho Caso de BENJAMIN BUTTON»

Sinopse:
Na noite da celebração do fim da I Grande Guerra nasceu em New Orleans uma criança com a aparência e a condição física de um idoso de 70 anos.
A progenitora morreu no parto.
O pai, devastado, rejeita a criança abandonando-a à porta de uma casa de acolhimento de desvalidos.
Um casal de negros adopta-a e decide chamar-lhe Benjamin.
Gateau, um relojoeiro cego, é contratado para para construir um relógio à escala da grandiosidade da estação de comboios da cidade.
Para sua infelicidade, o filho é uma das vítimas mortais da Grande Guerra.
Gateau não hesita. Constrói o relógio com o movimento dos ponteiros invertido.
Contexto histórico:
Os primeiros 50 anos da História do Sec. XX foram devastadores pelas sequelas de (i) Grande Guerra 14-18; (ii) Depressão de 1929 e (iii) Grande Guerra 39-45.
Esta perspectiva preenche a primeira fase do filme; a segunda, estende-se desde a década de 50 até 2005: o «Baby-boom», a mudança de estilo de vida, as novas oportunidades, a distribuição da riqueza das nações a proporcionar bem-estar inédito, até ao flagelo de New Orleans pelo Katrina.
É na passagem da primeira para a segunda fase que Benjamin, maduro, fulgurante, vivido, transita das atrocidades do quotidiano para ma socialização amena e cheia de afectos.
Virá a ser pai.
Depois de fazer o seu «Grand Tour», regressa para um último relacionamento com a mulher, já casada com outro homem, preparando assim o início da adolescência, a fase pré-natal a seguir, para que a narrativa da sua mulher à filha de ambos -- Em fase terminal no hospital -- termine antes do Katrina fustigar a cidade.
O Tempo Cronológico e o tempo Biológico:
Gateau não se resignou à morte do filho. Por essa razão, o sublimador encontrado foi a inversão do movimento dos ponteiros do relógio: revisão da cronologia.; o presente, relativamente ao passado, a memória trocada pelo exercício do esquecimento da atrocidade da guerra, da morte de um jovem, fixando-se no tempo de vida do filho, apenas isso contando, enquanto ele foi feliz.
A mãe adoptiva de Benjamin, também não se resignou à impossibilidade de ter uma criança, tratando Benjamin como seu filho natural.
Num sentido equivalente, Benjamin caminha para a concepção, para a combinação «XY», mantendo-se vivo e resplandecente, com os olhos postos nesse «futuro» nesse «grau zero», nesse «eterno retorno», sem arrastar o «bom senso» da experiência, a sageza, o que fosse que tivesse acumulado, nada, absolutamente nada, esvaziando-se determinado para os braços da mulher, de Daizy. Não é que desejasse esquecer, ia acontecendo-lhe não se lembrar...
A Memória, o Esquecimento e o Legado:
Daizy fez questão de se deixar morrer só depois de a filha Carolina aceder a esse legado para que o pai a merecesse orgulhosa, de certa maneira íntima de uma conduta extraordinariamente tenaz, através do Diário.
O filme termina com a inundação de cidade, a morte de Daisy, a emoção de Carolina, o bébé Benjamin nos braços de Daisy, frustrando dessa maneira Woody Allen -- É que seu sonho aplicar-se-ia se Daisy, em vez de ser sua mulher, fosse a mãe de Benjamin. -- que chegou a desejar uma segunda vida que, retrocedendo também, iria mais além «Voilá! -- Desaparecer num orgasmo.»
A ideia de que a felicidade está no começo e não no fim da vida partiu de Mark Twain, foi aproveitada por F. Scott Fitzgerald para escrever a obra (Ed. Presença), foi glosada por W. Allen e, para nosso deleite, exibida neste filme que demonstra que «O tempo é sinal da nossa impotência.» Acrescento eu, com a ajuda de Proust: mesmo que se busque o tempo perdido, jamais se alcançará o tempo reencontrado...
O Diário de Benjamin -- Escrito com zelo de homem de idade -- estaria adequado à sua cronologia? É que a partir de certa idade, um jovem vive. Só excepcionalmente escreverá sobre o seu quotidiano fugaz... Um adolescente, então, só pensará em divertir-se, brincar...
Admito que a comparação seja excessiva: com «Forrest Gump», a História da América era excelentemente contada; com este «Benjamin Button», completa-se uma diliciosa narrativa.
Finalmente: é a primeira fase da nossa vida a melhor ou, a idade madura -- a dos «entas», dos 40 a 60 -- a que proporcionará dias admiráveis?
Na noite da celebração do fim da I Grande Guerra nasceu em New Orleans uma criança com a aparência e a condição física de um idoso de 70 anos.
A progenitora morreu no parto.
O pai, devastado, rejeita a criança abandonando-a à porta de uma casa de acolhimento de desvalidos.
Um casal de negros adopta-a e decide chamar-lhe Benjamin.
Gateau, um relojoeiro cego, é contratado para para construir um relógio à escala da grandiosidade da estação de comboios da cidade.
Para sua infelicidade, o filho é uma das vítimas mortais da Grande Guerra.
Gateau não hesita. Constrói o relógio com o movimento dos ponteiros invertido.
Contexto histórico:
Os primeiros 50 anos da História do Sec. XX foram devastadores pelas sequelas de (i) Grande Guerra 14-18; (ii) Depressão de 1929 e (iii) Grande Guerra 39-45.
Esta perspectiva preenche a primeira fase do filme; a segunda, estende-se desde a década de 50 até 2005: o «Baby-boom», a mudança de estilo de vida, as novas oportunidades, a distribuição da riqueza das nações a proporcionar bem-estar inédito, até ao flagelo de New Orleans pelo Katrina.
É na passagem da primeira para a segunda fase que Benjamin, maduro, fulgurante, vivido, transita das atrocidades do quotidiano para ma socialização amena e cheia de afectos.
Virá a ser pai.
Depois de fazer o seu «Grand Tour», regressa para um último relacionamento com a mulher, já casada com outro homem, preparando assim o início da adolescência, a fase pré-natal a seguir, para que a narrativa da sua mulher à filha de ambos -- Em fase terminal no hospital -- termine antes do Katrina fustigar a cidade.
O Tempo Cronológico e o tempo Biológico:
Gateau não se resignou à morte do filho. Por essa razão, o sublimador encontrado foi a inversão do movimento dos ponteiros do relógio: revisão da cronologia.; o presente, relativamente ao passado, a memória trocada pelo exercício do esquecimento da atrocidade da guerra, da morte de um jovem, fixando-se no tempo de vida do filho, apenas isso contando, enquanto ele foi feliz.
A mãe adoptiva de Benjamin, também não se resignou à impossibilidade de ter uma criança, tratando Benjamin como seu filho natural.
Num sentido equivalente, Benjamin caminha para a concepção, para a combinação «XY», mantendo-se vivo e resplandecente, com os olhos postos nesse «futuro» nesse «grau zero», nesse «eterno retorno», sem arrastar o «bom senso» da experiência, a sageza, o que fosse que tivesse acumulado, nada, absolutamente nada, esvaziando-se determinado para os braços da mulher, de Daizy. Não é que desejasse esquecer, ia acontecendo-lhe não se lembrar...
A Memória, o Esquecimento e o Legado:
Daizy fez questão de se deixar morrer só depois de a filha Carolina aceder a esse legado para que o pai a merecesse orgulhosa, de certa maneira íntima de uma conduta extraordinariamente tenaz, através do Diário.
O filme termina com a inundação de cidade, a morte de Daisy, a emoção de Carolina, o bébé Benjamin nos braços de Daisy, frustrando dessa maneira Woody Allen -- É que seu sonho aplicar-se-ia se Daisy, em vez de ser sua mulher, fosse a mãe de Benjamin. -- que chegou a desejar uma segunda vida que, retrocedendo também, iria mais além «Voilá! -- Desaparecer num orgasmo.»
A ideia de que a felicidade está no começo e não no fim da vida partiu de Mark Twain, foi aproveitada por F. Scott Fitzgerald para escrever a obra (Ed. Presença), foi glosada por W. Allen e, para nosso deleite, exibida neste filme que demonstra que «O tempo é sinal da nossa impotência.» Acrescento eu, com a ajuda de Proust: mesmo que se busque o tempo perdido, jamais se alcançará o tempo reencontrado...
O Diário de Benjamin -- Escrito com zelo de homem de idade -- estaria adequado à sua cronologia? É que a partir de certa idade, um jovem vive. Só excepcionalmente escreverá sobre o seu quotidiano fugaz... Um adolescente, então, só pensará em divertir-se, brincar...
Admito que a comparação seja excessiva: com «Forrest Gump», a História da América era excelentemente contada; com este «Benjamin Button», completa-se uma diliciosa narrativa.
Finalmente: é a primeira fase da nossa vida a melhor ou, a idade madura -- a dos «entas», dos 40 a 60 -- a que proporcionará dias admiráveis?
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Agradeço e retribuo

Agradeço a tua gentileza, Fernanda
http://naruacontigo.blogspot.com
Retribuindo com o
PRÉMIO «A GAIOLA DE DARWIN»
http://naruacontigo.blogspot.com
Retribuindo com o
PRÉMIO «A GAIOLA DE DARWIN»

(Cumprindo o protocolo
A ordem seguida não corresponde a qualquer hierarquização)
nomeio:
http://palavrasemdesalinho.blogspot.com
http://ortografiadoolhar.blogspot.com
http://mendesferreira.blogspot.com
http://voandoai.blogspot.com
http://pin-gente.blogspot.com
http://alicemacedocampos.blogspot.com
http://okayempatins.blogspot.com
http://comorosasdeareia.blogspot.com
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A ordem seguida não corresponde a qualquer hierarquização)
nomeio:
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
12 de Fevereiro 1809 - 2009

1.
Há três Homens que marcaram o nosso tempo, desde o Sec. XIX:
K. Marx
S. Freud
CHARLES DARWIN
2.
Algum tempo atrás, numa fila, o jovem à minha frente tinha uma enorme iguana (Lagarto grande, para sermos correctos) sobre o ombro. «É macho ou fémea?» Não sabia. Pensei: Este jovem está tão feliz por ter recebido a iguana -- Prenda ou prémio de desempenho. -- que nem lhe ocorreu saber o género do animal.
Seria bom que lhe falassem do Beagle, de Darwin, da viagem que fez até ao Novo Mundo, para que se interessasse pelas Galápagos e, in loco, registasse a vida das iguanas, o que lhe apetecesse.
Seria bom que lhe falassem do Beagle, de Darwin, da viagem que fez até ao Novo Mundo, para que se interessasse pelas Galápagos e, in loco, registasse a vida das iguanas, o que lhe apetecesse.
É que muitas das figuras de estilo utilizadas tanto por K. Marx -- «CAPITAL» -- quanto por S. Freud -- «PSICOPATOLOGIAS DA VIDA QUOTIDIANA» -- abordam um certo "rastejar", impróprio da condição social e psicológica das pessoas, susceptível de relacionar com os iguanídeos.
3.
«A ORIGEM DAS ESPÉCIES» (1859) é a masterpiece de Charles Darwin
Incontornável.
«A selecção natural é o factor essencial na evolução, por triar a hereditariedade; assegurar a sobrevivência dos melhor adaptados.»
É claro que indissociável do Darwinismo coexistem posicionamentos ideológicos, filosóficos, psicológicos e morais.
Para todos eles aconselho a leitura dos comentários de A. Guerreiro em «ACTUAL» na edição do Expresso de 07 fevereiro de 2009.
Foto: Gentileza Google
Para todos eles aconselho a leitura dos comentários de A. Guerreiro em «ACTUAL» na edição do Expresso de 07 fevereiro de 2009.
Foto: Gentileza Google
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
«Vogando...»
O que haverá de comum entre a Branca de Neve e eu é a paixão dos nossos amantes.
A Branca de Neve soltou da garganta o pedaço de maçã envenenado; eu, ao ser beijada pelo meu príncipe também fui resgatada ao sono profundo, eterno.
Ainda bem!
Éramos jovens, belas e essas qualidades são um sinal de perfeição.
Quem lhes resiste?
Enlouquecidos, os homens apaixonam-se por nós!
Os irmãos Grimm tiveram a gentileza e a mestria de nos relatar de tal forma que os seus leitores nunca chegassem a abandonar o fascínio da juventude, da perfeição dos corpos, afinal de contas, de uma certa ideia de felicidade.
Foi bom para nós, para todos!
Da dentada na maçã, de Adão, herdámos a sabedoria e o conhecimento. Para quê a fixação num paraíso se apenas nos faltava a doçura de uma vida privada!
A Branca de Neve soltou da garganta o pedaço de maçã envenenado; eu, ao ser beijada pelo meu príncipe também fui resgatada ao sono profundo, eterno.
Ainda bem!
Éramos jovens, belas e essas qualidades são um sinal de perfeição.
Quem lhes resiste?
Enlouquecidos, os homens apaixonam-se por nós!
Os irmãos Grimm tiveram a gentileza e a mestria de nos relatar de tal forma que os seus leitores nunca chegassem a abandonar o fascínio da juventude, da perfeição dos corpos, afinal de contas, de uma certa ideia de felicidade.
Foi bom para nós, para todos!
Da dentada na maçã, de Adão, herdámos a sabedoria e o conhecimento. Para quê a fixação num paraíso se apenas nos faltava a doçura de uma vida privada!
Bela Adormecida
(Sem falsa modéstia,
o desenho dos sapatos de ballet naquela minha pose
permitiu-me vogar, exultando, com indescritível beleza...
Quase me senti uma Silfide!)
(Sem falsa modéstia,
o desenho dos sapatos de ballet naquela minha pose
permitiu-me vogar, exultando, com indescritível beleza...
Quase me senti uma Silfide!)
sábado, 31 de janeiro de 2009
AUTOMÓVEIS
1.

4.

São seres monstruosos, meio homens e meio cavalos.
.
Piritoo convidou os Centauros para a sua boda de casamento.
Os Centauros não estavam habituados a beber vinho.
(Se beber, não conduza!»)
Num instante ficaram embriagados.
Um deles, Eurito, tentou violar Hipodamia, noiva de Piritoo, provocando uma rixa
generalizada e um grande massacre de ambas as partes.
(Fonte: «Dicionário da Mitologia Grega e Romana»)
.
Piritoo convidou os Centauros para a sua boda de casamento.
Os Centauros não estavam habituados a beber vinho.
(Se beber, não conduza!»)
Num instante ficaram embriagados.
Um deles, Eurito, tentou violar Hipodamia, noiva de Piritoo, provocando uma rixa
generalizada e um grande massacre de ambas as partes.
(Fonte: «Dicionário da Mitologia Grega e Romana»)
2.
É com o aparecimento da roda que a velocidade se torna irresistível e inexoravelmente volúvel.
3.
Argumento de venda do LEXUS IS:
«Objecto de Desejo»
É com o aparecimento da roda que a velocidade se torna irresistível e inexoravelmente volúvel.
3.
Argumento de venda do LEXUS IS:
«Objecto de Desejo»
«Na praia de Sídon, um touro tentava imitar um gorjeio amoroso.
Era Zeus.
Sentiu um arrepio, como quando os moscardos o importunavam.
Mas dessa vez era um arrepio de ternura.
Eros colocava-lhe na sua garupa a jovem Europa.
Depois o touro branco atirou-se à água, e o seu corpo imponente assomava apenas o
suficiente para que a jovem não se molhasse.
(...)
Entretanto, Europa não via fim daquela louca viagem.
Imaginava, porém, o seu destino, quando voltasse a encontrar terra.
E gritou uma mensagem aos ventos e as águas:
«Dizei a meu pai que Europa deixou a sua terra na garupa de um touro, meu raptor, meu marinheiro, e, suponho, meu futuro companheiro.
Dai, peço-vos, a minha mãe este colar».
Estava também para evocar Bóreas, para que este a levasse nas suas asas, como fizera com a sua esposa, a ateniense Oritia. Arrependeu-se, porém:
para quê passar de um raptor para outro?»
(Fonte: «As Núpcias de Cadmo e Harmonia»; CALASSO, Roberto; Ed. COTOVIA)
Era Zeus.
Sentiu um arrepio, como quando os moscardos o importunavam.
Mas dessa vez era um arrepio de ternura.
Eros colocava-lhe na sua garupa a jovem Europa.
Depois o touro branco atirou-se à água, e o seu corpo imponente assomava apenas o
suficiente para que a jovem não se molhasse.
(...)
Entretanto, Europa não via fim daquela louca viagem.
Imaginava, porém, o seu destino, quando voltasse a encontrar terra.
E gritou uma mensagem aos ventos e as águas:
«Dizei a meu pai que Europa deixou a sua terra na garupa de um touro, meu raptor, meu marinheiro, e, suponho, meu futuro companheiro.
Dai, peço-vos, a minha mãe este colar».
Estava também para evocar Bóreas, para que este a levasse nas suas asas, como fizera com a sua esposa, a ateniense Oritia. Arrependeu-se, porém:
para quê passar de um raptor para outro?»
(Fonte: «As Núpcias de Cadmo e Harmonia»; CALASSO, Roberto; Ed. COTOVIA)

4.
Quando a segurança, o conforto e a estética se associaram à velocidade é que a ideia de carro se tornou verdadeiramente irresistível.
Por essa razão, o Grand Tour -- Indissociável do comboio -- viu reforçado o culto das viagens.5.
Argumento de venda do LANCIA DELTA:
«O Poder de Ser Diferente»
Argumento de venda do AUDI Q5:
«Tecnologia Perfeitamente Sincronizada.»
Argumento de venda do LANCIA DELTA:
«O Poder de Ser Diferente»
Confrontando o potencial comprador com a felicidade da criança e a generosidade do Richard Gere, logo no Tibete -- No tecto do Mundo -- na neve (Fruto da época) só não seremos mais felizes -- Uma vez tão próximos dos deuses -- se não comprarmos o carro. Esperar, porque?
Argumento de venda do AUDI Q5:
«Tecnologia Perfeitamente Sincronizada.»
Respostas perfeitas.
No caso particular do AUDI Q5 a construção do spot publicitário na TV exalta o Homo Faber que, formando equipa, constrói -- Qual lego! -- um carro perfeito, insinuando um irrepreensível desempenho e remetendo o desejo de aquisição para o Homo Ludicus.
A promoção do Honda Civic era baseada num coro que, inexcedível no rigor e perfeição do carro, mimava o seu desempenho.
Cada elemento do coro, só por si, vale o que vale. Pouco! Mas integrado num grupo -- eis a réplica do Lego, a consagração da equipa -- assegura uma solução perfeita.
No caso particular do AUDI Q5 a construção do spot publicitário na TV exalta o Homo Faber que, formando equipa, constrói -- Qual lego! -- um carro perfeito, insinuando um irrepreensível desempenho e remetendo o desejo de aquisição para o Homo Ludicus.
A promoção do Honda Civic era baseada num coro que, inexcedível no rigor e perfeição do carro, mimava o seu desempenho.
Cada elemento do coro, só por si, vale o que vale. Pouco! Mas integrado num grupo -- eis a réplica do Lego, a consagração da equipa -- assegura uma solução perfeita.
Quando o casal saiu para a estrada para experimentar
topo de gama acabado de comprar
foi rapidamente confrontado com um ruído
mínimo,
intermitente,
quase imperceptível,
porém,
persistente.
Contactado,
o vendedor ofereceu imediatamente a sua disponibilidade.
Voltaram à estrada.
Para surpresa do casal,
o vendedor pediu para ser levado a uma ourivesaria.
Uma vez lá chegados,
pediu à senhora o favor de
retirar os brincos.
Era indispensável reparar os apoios.
topo de gama acabado de comprar
foi rapidamente confrontado com um ruído
mínimo,
intermitente,
quase imperceptível,
porém,
persistente.
Contactado,
o vendedor ofereceu imediatamente a sua disponibilidade.
Voltaram à estrada.
Para surpresa do casal,
o vendedor pediu para ser levado a uma ourivesaria.
Uma vez lá chegados,
pediu à senhora o favor de
retirar os brincos.
Era indispensável reparar os apoios.
6.
O hedonismo é uma doutrina filosófica que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo bem da vida humana.
A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, etc., quando entendida pela índole voluptuoso de Aristipo, leva ao hedonismo, onde toda a bem-aventurança humana se resolve no prazer.
A ideia básica que está por de trás do hedonismo é que todas as acções podem ser medidas em relação ao prazer e à dor que produzem
O hedonismo moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas.
Segundo a lei do interesse pessoal de Stuart Mill, cada indivíduo «Procura o bem e a riqueza e evita o mal e a miséria.»
A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, etc., quando entendida pela índole voluptuoso de Aristipo, leva ao hedonismo, onde toda a bem-aventurança humana se resolve no prazer.
A ideia básica que está por de trás do hedonismo é que todas as acções podem ser medidas em relação ao prazer e à dor que produzem
O hedonismo moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas.
Segundo a lei do interesse pessoal de Stuart Mill, cada indivíduo «Procura o bem e a riqueza e evita o mal e a miséria.»

«Claro que me preocupo com o CO2.
Para falar verdade, o que realmente me atormenta é o aquecimento global.
Um Verão inclemente...
Quem me garante a imunidade do meu ninho a um incêndio?
Quem me tirar o meu Trabant, tirar-me-á tudo!»
Para falar verdade, o que realmente me atormenta é o aquecimento global.
Um Verão inclemente...
Quem me garante a imunidade do meu ninho a um incêndio?
Quem me tirar o meu Trabant, tirar-me-á tudo!»
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
11
«Ando por aqui a ver se encontro
um homem. Não há nenhum, diz-me a Razão,
"o homem é apenas uma imagem."
Não é, dizem-me os sentidos,
depois de terem convivido com muitos homens
e mulheres. E volto atrás para ver melhor __
e mergulho inteiro nas águas turvas
da humanidade. A transparência
é uma ficção de poetas felizes
e são poucos. Cada homem que vou encontrando
cada pedra cada folha cada gota de água,
um milagre.»
In:
«A Arte de Bem Morrer»
Casimiro de Brito
Roma Editora
um homem. Não há nenhum, diz-me a Razão,
"o homem é apenas uma imagem."
Não é, dizem-me os sentidos,
depois de terem convivido com muitos homens
e mulheres. E volto atrás para ver melhor __
e mergulho inteiro nas águas turvas
da humanidade. A transparência
é uma ficção de poetas felizes
e são poucos. Cada homem que vou encontrando
cada pedra cada folha cada gota de água,
um milagre.»
In:
«A Arte de Bem Morrer»
Casimiro de Brito
Roma Editora
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
«O AMARELO DA CARRIS»
Quando a CARRIS renovou o amarelo da sua frota Lisboa ficou mais bonita, mais alegre.
Eu gostei.
Aproveitando a velocidade média dos transportes urbanos -- Cerca de 14 Km/H -- a publicidade passou a ser veiculada através da aplicação de uma película pontilhada na carcaça dos veículos para exibir as qualidades do produto em promoção.
Eu gostei.
Aproveitando a velocidade média dos transportes urbanos -- Cerca de 14 Km/H -- a publicidade passou a ser veiculada através da aplicação de uma película pontilhada na carcaça dos veículos para exibir as qualidades do produto em promoção.

Do exterior, essas imagens em movimento, diminuindo o pontilhismo de Roy Lichtenstein fariam lembrar os trabalhos de Paul Signac? A face de uma jovem de Roy -- Em movimento na animação da banda desenhada -- é menos volúvel que as ramagens da árvore de Paul ao vento.

Estarão os passageiros que viajam, para cá dessa capa pontilhista, forçados a resignar-se ao poema de Cesário Verde «Nas nossas ruas, ao anoitecer,/ Há tal soturnidade, há tal melancolia,/ Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia/ Despertam um desejo absurdo de sofrer.// (...)»
Fontes:
«POP ART» Klaus Honnef; Ed. TACHEN
«POESIA COMPLETA» Cesário Verde; Ed. DOM QUIXOTE
Ilustração: Gentileza Google
sábado, 17 de janeiro de 2009
Letra: «I»

«ÍCARO»
Sabe-se que poderá ter sido um bando de aves que, ao atravessar-se na rota do A320 da US Airways, terá provocado o "estoiro dos motores" e a eminente tragédia.
Alguma vez virá a saber-se se terá sido Talo -- Sobrinho de Dédalo, o invejoso -- que ao ter sido empurrado para um precipício, os deuses, socorrendo-o, transformaram o jovem numa perdiz, que voou superando a sua morte inevitável?
Manhattan não é Creta e lá jamais foi referenciada a construção do labirinto -- Apesar do medo das réplicas do 11 de Setembro -- tal como é desconhecida a estadia de Dédalo.
Ao levantar voo de La Guardia NY, o comandante do A320 jamais poderá ser considerado um sósia de Ícaro, Suplantando-o, apesar de não ter ganho altura e autonomia para chegar ao aeroporto mais próximo, para aí resgatar os seus passageiros, conseguiu, amarando, salvá-los.
Retribuo «PREMIOS DARDOS»

Gentilmente,
Arabica
http://empequenasdoses.blogspot.com
galardoou A Gaiola
Muito obrigado!
Retribuo:
Arabica
http://empequenasdoses.blogspot.com
galardoou A Gaiola
Muito obrigado!
Retribuo:

PRÉMIO
«GAIOLA DE DARWIN»
Para:
http://empequenasdoses.blogspot.com
http://papeldefantasia.blogspot.com
http://quartetodealexandria.blogspot.com
http:// pretexto-classico.blogspot.com
http://libertas-vitalis.blogspot.com
http://lobamoonnight.blogspot.com
http://pedemeia.blogspot.com
Beijos e abraços!
«GAIOLA DE DARWIN»
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Beijos e abraços!
domingo, 11 de janeiro de 2009
SARA

1.
Eu e o Raul já estávamos de saída.
A Sara entrou sem eu ter notado. Sala enorme, eu distraído...
O Pedro aproximou-se e segredou-me «Vamos ali ao balcão. A miúda da noite acabou de chegar!»
Fomos.
A Sara vinha exuberante: casaquinho de lã roxo sobre vestido madre-pérola. Um fiozinho de ouro, rutilante, quase gargantilha, finíssimo, apenas um brinco à esquerda e os lábios acetinados. Displicentemente, segurava uma malinha na mão direita. O lacinho do sapato de salto raso insinuava uma Cinderela.
Chegou sozinha.
Varria a sala à procura do grupo que a aguardava. Havia uma ténue ansiedade na sua postura.
O Pedro pediu bebidas e eu «Como é que uma miúda chega aqui, assim, sozinha...» O Pedro contido «Deixa ver se o grupo dela é contíguo ao nosso. Vês aquele lugar vago lá ao fundo?»
Era.
«Tomas o quê, Raul?» Virando-se «Mas não estávamos de saída, Paulo» O Pedro «É cedo! Sair agora, nem pensar, Raul!» Peremptório «Vou-me embora. Chega. Portem-se bem, meninos!»
Saiu.
A Sara entrou sem eu ter notado. Sala enorme, eu distraído...
O Pedro aproximou-se e segredou-me «Vamos ali ao balcão. A miúda da noite acabou de chegar!»
Fomos.
A Sara vinha exuberante: casaquinho de lã roxo sobre vestido madre-pérola. Um fiozinho de ouro, rutilante, quase gargantilha, finíssimo, apenas um brinco à esquerda e os lábios acetinados. Displicentemente, segurava uma malinha na mão direita. O lacinho do sapato de salto raso insinuava uma Cinderela.
Chegou sozinha.
Varria a sala à procura do grupo que a aguardava. Havia uma ténue ansiedade na sua postura.
O Pedro pediu bebidas e eu «Como é que uma miúda chega aqui, assim, sozinha...» O Pedro contido «Deixa ver se o grupo dela é contíguo ao nosso. Vês aquele lugar vago lá ao fundo?»
Era.
«Tomas o quê, Raul?» Virando-se «Mas não estávamos de saída, Paulo» O Pedro «É cedo! Sair agora, nem pensar, Raul!» Peremptório «Vou-me embora. Chega. Portem-se bem, meninos!»
Saiu.
2.
Trocámos beijinhos e as perguntas de circunstância. Pedi uma caipirinha.
A Ana disse-me «Não olhes agora, Sara. À tua esquerda está um grupo de rapazes que acabou de perder um elemento. O de blazer verde está excitadissimo desde a tua chegada. À esquerda deles, uma das moçoilas, a mais feia, chama-se Estela -- Como sabes? -- Alinhas em pedir ao empregado que lhes sirva duas cervejas para cada um e um "Cheers, Estela!"?» Discretamente, mirei o grupo dos rapazes. A seguir, o da Estela. «Como reagirão eles?» A Ana, resoluta «Quero lá saber! Até podemos pedir que seja levado ao grupo da Estela uma rodada de Bailey. Que tal?» Insistindo «E quem vai pagar esse consumo?» A Ana decidida «Eles. A gente vai-se pirar!» «Se der para torto , a responsabilidade é tua, Ana!»
A Ana chamou empregado e fez os pedidos detalhando as bebidas e os consumidores.
Quando regressei do Toilette, ao passar pelo balcão, o Paulo interpelou-me «Tanta cerveja na nossa mesa e licor na mesa ao lado é de uma brincadeira que se trata, não é?» «Desculpe!» Ele «Só terá de responder, sim ou não: a ideia partiu de si ou das suas amigas, Sara?»
Para espanto de ambos, nesse instante a Estela, com o cálice na mão, falava com o Pedro e, parecendo ambos concordar, levantaram-se para que os três grupos se juntassem.
Eu estava estupefacta.
Já tivera oportunidade de participar em partidas piores. Nunca vi ninguém reagir assim.
Parecendo ler o meu pensamento, o Paulo acrescentou «Aceita tomar uma bebida aqui ou num outro bar, à sua escolha?» Eu «Sim! Mas é claro que aceito, Paulo!»
A Ana disse-me «Não olhes agora, Sara. À tua esquerda está um grupo de rapazes que acabou de perder um elemento. O de blazer verde está excitadissimo desde a tua chegada. À esquerda deles, uma das moçoilas, a mais feia, chama-se Estela -- Como sabes? -- Alinhas em pedir ao empregado que lhes sirva duas cervejas para cada um e um "Cheers, Estela!"?» Discretamente, mirei o grupo dos rapazes. A seguir, o da Estela. «Como reagirão eles?» A Ana, resoluta «Quero lá saber! Até podemos pedir que seja levado ao grupo da Estela uma rodada de Bailey. Que tal?» Insistindo «E quem vai pagar esse consumo?» A Ana decidida «Eles. A gente vai-se pirar!» «Se der para torto , a responsabilidade é tua, Ana!»
A Ana chamou empregado e fez os pedidos detalhando as bebidas e os consumidores.
Quando regressei do Toilette, ao passar pelo balcão, o Paulo interpelou-me «Tanta cerveja na nossa mesa e licor na mesa ao lado é de uma brincadeira que se trata, não é?» «Desculpe!» Ele «Só terá de responder, sim ou não: a ideia partiu de si ou das suas amigas, Sara?»
Para espanto de ambos, nesse instante a Estela, com o cálice na mão, falava com o Pedro e, parecendo ambos concordar, levantaram-se para que os três grupos se juntassem.
Eu estava estupefacta.
Já tivera oportunidade de participar em partidas piores. Nunca vi ninguém reagir assim.
Parecendo ler o meu pensamento, o Paulo acrescentou «Aceita tomar uma bebida aqui ou num outro bar, à sua escolha?» Eu «Sim! Mas é claro que aceito, Paulo!»
3.
Depois daquela noite, após várias insistências, primeiro com a Ana, mais tarde com o Pedro, consegui que nos juntássemos para jantar.
O bar fechou.
Nem sei porquê!
Frequentamos outros sítios.
Que se há-de fazer à noite, ao fim de semana, para além de beber, brincar, trocar afectos, namorar até!
«Estela, quer outra caipirinha?»
Enquanto eles partilharam os amigos, não perceberam que tanto a Sara, para o grupo da Ana, quanto o Paulo, para o grupo do Pedro, funcionavam como âncoras.
Eu não faço ideia o que terão pensado a meu respeito.
Provavelmente, que poderiam divertir-se.
Tolice!
Eu não faço ideia o que terão pensado a meu respeito.
Provavelmente, que poderiam divertir-se.
Tolice!
O bar fechou.
Nem sei porquê!
Frequentamos outros sítios.
Que se há-de fazer à noite, ao fim de semana, para além de beber, brincar, trocar afectos, namorar até!
«Estela, quer outra caipirinha?»
Ilustração:
«In Love»
Gentileza Google
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
WOODY ALLEN

«A Minha Próxima Vida»
«Quero vivê-la de trás para a frente.
Começar morto para despachar logo esse assunto.
Acordar num lar de idosos sentindo-me melhor a cada dia que passa.
Sair por ser saudável.
Ir receber a reforma.
Começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar durante 40 anos, cada vez mais ágil.
Ser jovem e entrar na faculdade.
Embebedar-me diariamente.
Ser promíscuo.
Estar pronto para secundário e para a primária.
Tornar-me criança.
Brincar apenas, sem responsabilidade.
Tornar-me bébé inocente até nascer.
Passar 9 meses num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e espaço maior dia após dia.
Depois
Voilá! -- Desaparecer num orgasmo.»
Começar morto para despachar logo esse assunto.
Acordar num lar de idosos sentindo-me melhor a cada dia que passa.
Sair por ser saudável.
Ir receber a reforma.
Começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar durante 40 anos, cada vez mais ágil.
Ser jovem e entrar na faculdade.
Embebedar-me diariamente.
Ser promíscuo.
Estar pronto para secundário e para a primária.
Tornar-me criança.
Brincar apenas, sem responsabilidade.
Tornar-me bébé inocente até nascer.
Passar 9 meses num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e espaço maior dia após dia.
Depois
Voilá! -- Desaparecer num orgasmo.»
Fonte:
Mail amigo.
Ilustração:
Gentileza Google
sábado, 3 de janeiro de 2009
Letra: G
«Guerra»
Fontes:
(1) «ARTE (A) DA GUERRA»
Tzu, Sun
Ed. Eurpa America
(2) «NATUREZA (DA) DA GUERRA»
Clausewitz, Carl von
Ed. Coisas de Ler
(3) «DICIONÁRIO IMPERFEITO»
Luis, Agustina Bessa
Guimarães Editores
(4) Ilustração:
«HELICÓPTERO»
Máquinas de Guerra
Leonardo da Vinci
Gentileza Google
«A melhor política está em "atacar os planos do inimigo" e a seguir será o desfazer-lhe as alianças já que "vencer o exército adversário sem o combater é o apogeu da arte» (Pag. 18 (1))
O disparar contumaz de rockets para Israel
e o violento ataque a Gaza
deveram-se:
- Ao vazio de poder norte-americano,
entre o fim da era Bush e a posse de Obama?
- À necessidades de reafirmação
do Hamas na Faixa,
e do Cadima por haver eleições em Israel, em Fevereiro?

e o violento ataque a Gaza
deveram-se:
- Ao vazio de poder norte-americano,
entre o fim da era Bush e a posse de Obama?
- À necessidades de reafirmação
do Hamas na Faixa,
e do Cadima por haver eleições em Israel, em Fevereiro?
«O primeiro, o supremo, o julgamento de mais amplas consequências que o estadista e o comandante têm que formular, é determinar a espécie de guerra em que se estão a envolver» (Badana (2))
Israel está a desfazer Gaza
Resposta provável:
Hesbollah, no Sul do Líbano;
Fatah, na Cisjordânia;
Hamas, em Gaza;
Homens-bomba nas cidades em Israel.
Resposta provável:
Hesbollah, no Sul do Líbano;
Fatah, na Cisjordânia;
Hamas, em Gaza;
Homens-bomba nas cidades em Israel.
«Guerra: É apetecível. Não me venham dizer que a guerra é obra de generais e de caudilhos. A multidão sabe perfeitamente que vai para uma orgia (Pag. 130 (3))

«Paz: A paz não tem figura nem desejo absoluto; viver em paz não é viver: (...) a paz é um absurdo, como a realidade concreta é um absurdo que é preciso recrear para que se torne afecto dos homens, obra sua. É por isso que se pinta, que se compõe música, que se faz poesia: para abolir o absurdo. (Pag. 212 (3))
Fontes:
(1) «ARTE (A) DA GUERRA»
Tzu, Sun
Ed. Eurpa America
(2) «NATUREZA (DA) DA GUERRA»
Clausewitz, Carl von
Ed. Coisas de Ler
(3) «DICIONÁRIO IMPERFEITO»
Luis, Agustina Bessa
Guimarães Editores
(4) Ilustração:
«HELICÓPTERO»
Máquinas de Guerra
Leonardo da Vinci
Gentileza Google