terça-feira, 16 de setembro de 2008

«Segredo»


«Afastado do olhar comum, escondido debaixo da terra como a raiz de qualquer planta, não te esqueças de guardar algo; que apenas depois da tua morte o mundo perceba a sua dimensão»

In:
«BREVES NOTAS sobre o medo»
Gonçalo M. Tavares
Ed. Relógio D'Água

15 comentários:

Teresa Durães disse...

será necessário esperar pela morte?

pin gente disse...

não temas, algo tem que vir à luz antes da morte!

abraço

luis lourenço disse...

"Imprimamos na na nossa própria vida o selo da eternidade.
Este pensamento tem mais peso de conteúdo do que todas as religiôes que desprezam esta vida como fugidia e nos instigam a olhar para a outra vida assaz mal definida"NIetzsche
Também existe esta raíz poderosa de afirmação absoluta na brilhante citação que nos deixas...

abraço

mfc disse...

... e de que te possa orgulhar ainda em vida!

isabel mendes ferreira disse...

Em segredo:


"É a relação entre «um» e o «Outro», baseado na diferença que aproximará os amantes, sendo também essa mesma diferença que os afastará.

Eis,por essa razão os limites da paixão que flutuarão entre as pulsões sexuais e da morte -- Eros e Tanatos.
É o seu fracasso que fará tingir de vermelho o veneno insuportável.

(Difícil para mim sustentar é) a relação entre a tragédia shakespeareana e as bacantes no alto da montanha.
Mas compreensível o sublime estado de benquerença na exaltação do cântico dos cânticos."
__________________e_____________

"flor dourada" referência que se move entre a arte e a cultura.(digo eu a verdadeira flor...), que é fruto da imaginação prodigiosa de um cineasta chinês Zhang Yimou que me diz muito.
.
Tal como Shakespeare o sentido trágico.das historias de amor.
____________e do alto da montanha, as bacantes( palavras) fazem de contraponto à emoção.
e é tudo.

Ou seja, a sua leitura é , como sempre, correcta, e é sempre um prazer ser "lida" pela sua sensibilidade.


beijo.

Justine disse...

E porquê depois da morte? Porque tem que crescer, como uma raíz? Ou porque não pode ser mostrado ao olhar comum?
Tantas perguntas, se calhar lá tenho de ir ler o livro...:))

Alberto Oliveira disse...

Caro José:

Ele há cada coincidência! Então não é que acabei de entregar ao meu advogado uma caixa de cartão com a indicação para apenas ser aberta depois da minha morte?!

A caixa contém um par de sapatos meus, de número 48. Para que o mundo perceba a dimensão do meu pé num corpo tão pequeno como eu tenho.

Não podia revelar o conteúdo da caixa porque deixa de ser segredo?! Ok. Eu arranjo outro par de sapatos e não digo nada a ninguém.


abraço.

A Respigadeira disse...

Bem, há segredos que só devem ser revelados depois da morte... há outros que nem depois da morte. Devem ficar para sempre guardados na nossa memória.

Estava com imensas saudades de visitar o teu mundo.

Beijos

Maria Laura disse...

Acredito que existam na nossa vida segredos que só depois da morte serão revelados. Ou nem isso.

Carla disse...

e porque esperar pela morte...porque não criar um hino à vida?
beijos

Pedro disse...

Percebi a ideia, mas mudaria um bocado: a questão não é sermos lembrados APENAS depois da nosa morte, mas sim continuarmos na memória.

Lady disse...

Mhmmm... isso geralmente acontece com os artistas, génios... etc, em qua a sua dimensão só é entendida depois da sua morte... raros são aqueles que enquanto vivos lhes prestam a verdadeira homenagem à sua dimensão/contributo no mundo...
É claro, que este pequeno trecho pode ser entendido de várias formas... tudo depende do seu contexto global...
Mas gostei e a imagem é magnifica!
Jinhos

Graça Pires disse...

É sempre necessário esperar pela morte. Gonçalo M. Tavares, uma referência...
Um abraço.

vida de vidro disse...

Para que possamos ser lembrados pelo que não foi descoberto em vida? Talvez, sim... **

Vanda disse...

José, às vidas banais, apenas se pede, que façam sentido...mas, a deixar-me ir pela imaginação...mesmo nessas, quantas lagrimas ficam soterradas sem que ninguem as descubra? Quantos cansaços, desistencias, forças, sonhos ficam para sempre escondidos, sem que ninguém as intuia?

Serão, afinal elas, a raiz da vida?

Haverá depois da morte, afinal, ainda vida enraizada?