sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Assalto


1.

Um indivíduo, tenso, crispado, acerca-se do balcão «Moça, tou t'assaltando. Nada de safadeza, tá. Passa toda grana pr' ó saco. Sem molesa, 'viu!» enquanto o cúmplice imobilizava os clientes do banco e demais funcionários.

Mal podendo acreditar, a senhora controlou-se e respondeu «Esta agência, o BES, não tem dinheiro. Só tem negócio, lucro!» Incrédulo, o assaltante reagiu «Ué! Como assim? Banco só tem qui tê, né?!» Pausa. A senhora não respondeu. Mal esboçou um encolher de ombros. «Derlei, você escutou qu'ela dissi?!» O cúmplice aproximou-se «Oiça, garota. Faça o qu'ele tá te pedindo, 'viu. Si bancar comigo, vou sê duro. Não é hora de brincadêra, não.Viu! Jógo chumbo em 'oncê. Logo, logo!»

2.

Quando Moita Flores chegou ao estúdio da TV para comentar a ocorrência, já os reféns estavam algemados, o dispositivo policial montado e os assaltantes contrafeitos com o facto de na agência bancária não se fazerem depósitos ou levantamentos de dinheiro. Como suportar tamanho logro? A premonição de morte ter-se-á instalado!

3.

Agora, sabendo como toda a operação terminou, é fácil acrescentar que: (i) aquele diálogo é inverosímil, (ii) se o preço do dinheiro está caríssimo, o da ignorância e burrice é letal; (iii) tendo a operação corrido tão bem, os sitiantes estão de parabéns: preservaram os reféns e anularam os assaltantes. A Polícia fez saber que não hesitará em situações equivalentes. Sendo certo que assaltos a bancos hão-de repetir-se, ficou a saber-se também que haverá resposta.


9 comentários:

OUTONO disse...

Será mesmo bom, que a resposta ontem dada...faça "jurisprudência"
policial, jurídica e social.

O país precisa!

Um abraço.

mdsol disse...

Ainda estou a digerir (a tentar) o que se passou!
Fiquei muito perturbada, com tudo! Estamos a viver tempos complicados. E acho que há gente coma noção de que vale tudo, desde que se safem. Não, nem tudo é igual e não vale tudo!
:)

pin gente disse...

são necessárias respostas... principalmente aquelas em que possamos acreditar.

um abraço

Vanda disse...

Jota,


depois de tudo terminado, o que ainda retenho no pensamento, é saber que alguem prefere morrer a entregar-se.

Mesmo depois de ver o seu proprio erro. mesmo depois de ver o seu fracasso. Ou por isso mesmo.

Bom fim de semana

Justine disse...

Só neste tom jocoso e irónico é que ainda aguento ouvir falar do dito assalto.
Doutro modo, já não há pachorra, com toda a exploração sensacionalista que toda a comunicação social fez do assunto!
Que raio de mundo este.

Alberto Oliveira disse...

Caro José:

Na altura não me encontrava em Lisboa, pois se assim fosse, era certo e sabido que teria ido célere para Campolide para acompanhar de perto (quanto mais perto melhor... ) o acontecimento. Procuraria a "companhia" do pessoal das televisões, pois há sempre a hipótese de acenar para o país com uma mão e com a outra colar o telemóvel ao ouvido... ou (ouro sobre azul!) ser entrevistado?!, fazendo-me passar por um morador local, e opinando sobre o assunto usando o meu melhor vocabulário. Foi de azar, mas vou estar atento que oportunidades não me vão faltar.

abraço.

segurademim disse...

... ficámos a saber que os ilegais e os indocumentados são mais que muitos e que os brasileiros têm vistos de turista que podem renovar três vezes


portanto podem aí estar nove meses sem dinheiro, emprego, a viver sabe-se lá do quê...

turista especial -> peruca, arma, braçadeira, saquinho de esmola...

tudo em nome dos negócios...
e os "do negócios" andam de carro blindado e apar de luxo bem guardado... o saquinho de esmola e a pistola são dirigidos a quem trabalha

Graça Pires disse...

É preciso fazer alguma coisa para que este tipo de coisas deixe de acontecer. Terá sido feito o necessário?
Um abraço

Teresa Durães disse...

sobrou um erro de um assalto nada plabneado. e a intervenção da polícia