quarta-feira, 20 de agosto de 2008

«CONFISSÃO»



«Escrever pode ser uma óptima desculpa para quem na vida não tem qualquer esperança. É uma maneira de preencher uma sombra e há momentos em que um beijo escrito vale por muitos.

É sempre a vida, é claro, mas com a distância limpíssima das palavras. E tudo sofre de uma insuficiência que a arte tenta reparar, e falha.

Eu espero que a esperança um dia venha e tudo isto não seja mais do que um exercício de gramática.»


In:

«NOS TEUS BRAÇOS MORRERÍAMOS»

Pedro Paixão

Ed. Livros Cotovia

Ilustração: Gentileza Google
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(Vidé Edição de 27 Junho 2007)


12 comentários:

mfc disse...

Precisamos mais que nunca do outro... a vida é demasiadamente pesada para se viver solitariamente.

Justine disse...

A escrita como caminho? Deve ser, mas com os limites que a escrita nos impõe. Porque as palavras "são a nossa condenação e a nossa salvação", a simultênea impossibilidade de dizer e de calar.

Pedro disse...

Engraçado, eu acho o contrário: escrevo porque tenho esperança na vida =)
Mas aceito a justificação. De facto, preenche uma sombra, e tenta completar a vida.

As palavras contam vidas. Acho que isso é o mais empolgantes, a escrita desenvolve vidas.

Um exercício de gramática?! Nem pensar, isso não! Se é assim, então prefiro que a "esperança" não venha! A escrita jorra, um exercício não parece tão fluído! Sendo assim, que não haja esperança e que a vida continue por preencher, e que a escrita continue a jorrar de nós como água, e se estenda!

Um grande abraço

lélé disse...

Ou não concordo, ou não entendo!... Se alguém não tem qualquer esperança, deixa de existir... Se alguém escreve, tem, pelo menos, esperança de ser lido

Vanda disse...

Olá José!

A escrita, pode ser efectivamente o lugar de encontro com nós proprios, quando a esperança de identificação com outros, se desvanece. A escrita pode ser uma forma de vida, quando a outra, que nos sustem de pé, não ns leva a atravessar outros horizontes.

A escrita sim, pode ser a fuga para um paralelo que não podemos realizar a não ser numa vida de papel...

Tanto que a escrita pode ser!

Maria Laura disse...

Já tive uma "olímpica" discussão sobre este texto de PP. A falar verdade, até concordo. Com algumas limitações. A escrita sublima, a escrita é catarse. Deve complementar a vida. Mas, por vezes, é verdade que a substitui.

vida de vidro disse...

Às vezes, o Pedro Paixão sabe exactamente do que está a falar! **

isabel mendes ferreira disse...

pronto,,,,eu confesso, penalizada, não ser muito leitora de.



erros meus leituras diferentes...
:)



beijo.


espero que não fique zangado.

OUTONO disse...

Leio-te, nessa aproximação entre esperança e escrita...

Parto para os comentários...muito interessantes...o último, deixou-me um sorriso pendente de avaliação.

A escrita é uma esperança. E eu tenho esperança de continuar a escrever. Creio, que em síntese, há complementos insubstituíveis.

A escrita é a forma base de um dizer, por obrigação, por medo, por deficiência, por vontade...por amor e até por malvadez.

Seja qual for, eu acredito na escrita...e ainda tenho esperança, que o Homem possa escrever Paz sem erros "gramaticalmente mortais".

A tua selecção, é um óptimo exercício, como outros que já lançaste. Será bom, que através da escrita, continuem...mantenho essa esperança!

pin gente disse...

discordo... escrevo como se as palavras me dessem aquilo que me falta... por isso tenho esperança!
escrevo como outros desenham, falam, oram, cantam....
nem sempre consigo... vou tentando, sem perder a esperança!

um beijo amigo
luísa

Fernanda disse...

Gosto bastante de ler o Pedro Paixão.

É daqueles escritores que nos faz acreditar, que somos transparentes e nunca opacos,...quando toca a sentimentos.

Uma boa semana

Pecadormeconfesso disse...

Escrever é uma outra forma de viver a paixão.