quinta-feira, 28 de agosto de 2008

CORPO



«CORPO: Todo o pensamento, toda a emoção, todo o interesse suscitados no sujeito apaixonado pelo corpo amado».


Proust: «Assalta-me, por vezes, uma ideia: ponho-me a examinar longamente o corpo amado (como o narrador diante do sono de Albertina). Examinar quer dizer revistar: revisto o corpo do outro, como se quisesse ver o que há lá dentro, como se a causa mecânica do meu desejo estivesse no corpo adverso (pareço-me com esses garotos que desmontam um despertador para saber o que é o tempo)...»

«Via tudo do seu rosto, do seu corpo, friamente: as pestanas, a unha do dedo do pé, a finura das sobrancelhas, dos lábios, os olhos, um determinado sinal, uma maneira de estender os dedos ao fumar; estava fascinado -- não sendo o fascínio, em suma, senão a extremidade do desprendimento -- por essa espécie de figura colorida, de faiança, vitrificada, onde podia ler, sem nada compreender, a causa do meu desejo.



In:
Texto: «FRAGMENTOS DE UM DISCURSO AMOROSO» BARTHES, Roland; Ed. Edições 70
Imagem: «Mulher Sentada Com A Perna Esquerda Dobrada» 1917; SCHIELE

11 comentários:

maria disse...

A insondável causa do desejo...
Belo post
Beijo

isabel mendes ferreira disse...

da única casa. do único reduto.


redentor?



____________________.



beijo.

Graça Pires disse...

O corpo. O lugar de todos os desejos: os que nos perdem, os que nos salvam.
Um beijo

mdsol disse...

Boas escolhas: texto e "imagem" e.... tema!
Gostei!
:)

Justine disse...

"Virei do avesso" esse livro do Barthes para fazer um trabalho no meu tempo de faculdade, e ainda hoje me fascina.
Que bom teres vindo recordá-lo:))
Abraço de bom fim de semana

OUTONO disse...

Tive de estudar...esse livro.
Ainda hoje, sou capaz de "declamar" páginas desse trabalho.

Boa e oportuna edição.

Abraço

mfc disse...

Gostei da ideia literária de revistar o corpo!

luis lourenço disse...

Viva JPD!

Metáforas do corpo plenas de sentido no quotidiano das nossas vidas e que R.Barthes tão bem sabe fantasiar...a pregnânica da imagem associada dá o perfume das metáforas do corpo...Boa escolha e muito bom gosto...

Vanda disse...

E será que o corpo espelha lealmente o gesto que se desprende mais de dentro, a busca do olhar, os sonhos que por ele nasceram,viveram, morreram?

Será um corpo uma montanha onde as árvores falam do seu solo?


Schiele e as suas mulheres de meias pretas...tão especiais para ele!


Belissimo post, José!

Nilson Barcelli disse...

Dois belíssimos excertos.
Duas visões interessantíssimas, qual deas a melhor.

Abraço.

pin gente disse...

o fascínio do corpo...
porque corpos são realmente fascinantes!
redobra-se o fascínio pelo corpo amado... onde tantas vezes ficamos cegos... e vemos!
gostei muito, jp
um beijo
luísa