«Abraço o teu corpo no oceano
da noite; e um barco emerge do teu sexo,
com o seu mastro de fogo,
inundando o teu rosto com a luz
branca do desejo.»
In:
«GEOMETRIA VARIÁVEL»
Nuno Júdice
Dom Quixote
«A MÃO DESENHA O LÁPIS» Albano Martins
«Abraço o teu corpo no oceano
da noite; e um barco emerge do teu sexo,
com o seu mastro de fogo,
inundando o teu rosto com a luz
branca do desejo.»
In:
«GEOMETRIA VARIÁVEL»
Nuno Júdice
Dom Quixote
Rabelai queria uma «Cabeça bem cheia»; Montaigne preferia «Uma cabeça bem feita»; Rousseau insistia «O homem é bom por natureza...» apesar da sociedade em que estava inserido. Com a edição de «EMÍLIO» surgiu o primeiro tratado sobre educação; A. Comte sublinhava «O papel da sociedade para formar e reformar o espírito no bom sentido.» (Fonte: Dicionário Larousse Filosofia, entrada «Educação»)
Pergunta: é válido e actual o objectivo da educação, em 1º lugar, instruir; a seguir, adaptar socialmente; depois, formar um juizo livre e pessoal? (Ibidem)
Um «gadget», em gíria tecnológica é um equipamento que tem um propósito e uma função específica, prática e útil, unipessoal e intransmissível, por ser centrípeto, por colocar o seu utilizador no centro do mundo, no largo da aldeia global. Exemplo: um telemóvel.
Havendo vários tipos de autoridade, a que verdadeiramente interessa para o caso é aquela que assenta na competência.
O grau de instrução que a professora da escola do Porto transmite nas suas aulas, podendo ser indiscutivelmente competente, perderá sempre para as expectativas que um telemóvel garante.
E se for multifuncional e puder gravar imagens, então a desvantagem é esmagadora. A aldeia é global. A disputa do «gadget» entre a professora e a aluna não teve a apoteose do directo, é certo, mas foi por um triz!
Os proveitos desencadeados pelas aulas da professora e as emoções decorrentes da utilzação do telemóvel jamais convergirão. Para uma jovem, perder o telemóvel é mais grave do que tirar a chupeta a um bebé ou pedir a um fumador de dois maços de cigarros uma abstinência abrupta. A intensidade da frustração será elevada, repentina ... violenta.
Em «A Identidade» Kudera escreve sobre 3 categorias de tédio: Passivo: a rapariga que dança e boceja; Activo: os lançadores de papagaios; Revoltado: jovens que queimam automóveis, partem montras... ou agridem professores (Acrescento eu).
Há ainda duas outras autoridades: a do medo e a do reconhecimento, claro.
«...Sei o que joguei, meu amor» lê-se entre outras coisas, numa carta escrita há uma semana por Cecília. «Mas eu não podia suportar por mais tempo a ideia de estares fechado numa prisão, tu que tanto gostas de viver...» (Pag. 86)
Este inédito de JCP está ao nível dos excelentes «O DELFIM», «DINOSSAURO EXCELENTÍSSMO», «ALEXANDRA ALPHA» ou «DE PROFUNDIS, VALSA LENTA»
Se agora for professor, repetida a pergunta, dará outra resposta. Mas poderá pensar que «Será uma merda com esta reforma da ministra!» Se assim for, Sábado não deixará de estar no Terreiro do Paço.
O Governo reitera que o desenvolvimento do país terá de passar pela Educação. Para tanto, há que motivar os alunos, envolver os pais e empenhar os professores. Desenhou uma reforma que compreende i) Estatuto do Aluno, ii) Estatuto da Carreira Docente, iii) Avaliação de Desempenho e iiii) Gestão Escolar.
O que irritou os professores é a arrogância da ministra e do Governo e a diminuição, perante a sociedade, do relevo social da função.
As negociações entre o Ministério e os Sindicatos nunca foram interrompidas. Porém, a acrimónia, o azedume e o acantonamento em posições irredutíveis acentuou-se com o recrudescimento das manifestações por capital de Distrito, convocadas pelos Sindicatos ou através de SMS até à apteose de Sábado.
Os professores sentem-se inseguros e rejeitam a reforma porque, enquadrada no Regime de Vínculos, Carreiras e Remunerações da Função Publica já aprovado, os ameaça.
Amanhã, Sábado, no T. do Paço ao lado dos professores estarão muitos outros funcionários públicos. Por causa das avaliações. Por tudo resto. Se o Governo recuar na Educação poderá fazê-lo também na Função Pública...
Ao teimar manter a ministra Sócrates manterá o braço de ferro até onde puder. Não pode repetir a ideia de que A Rua fará as remodelações.
Depois do Terreio do Paço o que restará aos professores: Greve Geral da Função Publica?
Institucionalmente que pressões condicionarão o Governo: Imposição de intermediação das negociações da reforma? Pedido de recuo da PR em Belem?
O Governo está tão encurralado quanto esteve Cavaco Silva quando teve de remodelar e prescindir de Leonor Beleza e Miguel Cadilhe.