segunda-feira, 24 de março de 2008

De Rousseau ao YouTube

(Imagem: Gentileza Google)

Rabelai queria uma «Cabeça bem cheia»; Montaigne preferia «Uma cabeça bem feita»; Rousseau insistia «O homem é bom por natureza...» apesar da sociedade em que estava inserido. Com a edição de «EMÍLIO» surgiu o primeiro tratado sobre educação; A. Comte sublinhava «O papel da sociedade para formar e reformar o espírito no bom sentido.» (Fonte: Dicionário Larousse Filosofia, entrada «Educação»)

Pergunta: é válido e actual o objectivo da educação, em 1º lugar, instruir; a seguir, adaptar socialmente; depois, formar um juizo livre e pessoal? (Ibidem)

Um «gadget», em gíria tecnológica é um equipamento que tem um propósito e uma função específica, prática e útil, unipessoal e intransmissível, por ser centrípeto, por colocar o seu utilizador no centro do mundo, no largo da aldeia global. Exemplo: um telemóvel.

Havendo vários tipos de autoridade, a que verdadeiramente interessa para o caso é aquela que assenta na competência.

O grau de instrução que a professora da escola do Porto transmite nas suas aulas, podendo ser indiscutivelmente competente, perderá sempre para as expectativas que um telemóvel garante.

E se for multifuncional e puder gravar imagens, então a desvantagem é esmagadora. A aldeia é global. A disputa do «gadget» entre a professora e a aluna não teve a apoteose do directo, é certo, mas foi por um triz!

Os proveitos desencadeados pelas aulas da professora e as emoções decorrentes da utilzação do telemóvel jamais convergirão. Para uma jovem, perder o telemóvel é mais grave do que tirar a chupeta a um bebé ou pedir a um fumador de dois maços de cigarros uma abstinência abrupta. A intensidade da frustração será elevada, repentina ... violenta.

Em «A Identidade» Kudera escreve sobre 3 categorias de tédio: Passivo: a rapariga que dança e boceja; Activo: os lançadores de papagaios; Revoltado: jovens que queimam automóveis, partem montras... ou agridem professores (Acrescento eu).

Há ainda duas outras autoridades: a do medo e a do reconhecimento, claro.


4 comentários:

Alberto Oliveira disse...

Caro José:


telemovemo-nos
sorrimo-nos
agredimo-nos
amamo-nos
odiamo-nos.
não passamos sem ele:
é a nossa segunda pele.


abraço.

Rui disse...

Carregamos mais um peso. Alegremente.

Ana disse...

Sou mais de acordo com Comte...:)

Abra�o e obrigado pelas palavras!

segurademim disse...

...a incompetência e a inadaptação
são eternas

maximizadas no mundo global

faltam psicólogos, sociólogos nas escolas actuais e na vida política, familiar, social...
sobram matemáticos, engenheiros, gestores, economistas, alquimistas e outros malabaristas