«CORPO: Todo o pensamento, toda a emoção, todo o interesse suscitados no sujeito apaixonado pelo corpo amado».
Proust: «Assalta-me, por vezes, uma ideia: ponho-me a examinar longamente o corpo amado (como o narrador diante do sono de Albertina). Examinar quer dizer revistar: revisto o corpo do outro, como se quisesse ver o que há lá dentro, como se a causa mecânica do meu desejo estivesse no corpo adverso (pareço-me com esses garotos que desmontam um despertador para saber o que é o tempo)...»
«Via tudo do seu rosto, do seu corpo, friamente: as pestanas, a unha do dedo do pé, a finura das sobrancelhas, dos lábios, os olhos, um determinado sinal, uma maneira de estender os dedos ao fumar; estava fascinado -- não sendo o fascínio, em suma, senão a extremidade do desprendimento -- por essa espécie de figura colorida, de faiança, vitrificada, onde podia ler, sem nada compreender, a causa do meu desejo.)»
In:
Texto: «FRAGMENTOS DE UM DISCURSO AMOROSO» BARTHES, Roland; Ed. Edições 70
Imagem: «Mulher Sentada Com A Perna Esquerda Dobrada» 1917; SCHIELE
11 comentários:
A insondável causa do desejo...
Belo post
Beijo
da única casa. do único reduto.
redentor?
____________________.
beijo.
O corpo. O lugar de todos os desejos: os que nos perdem, os que nos salvam.
Um beijo
Boas escolhas: texto e "imagem" e.... tema!
Gostei!
:)
"Virei do avesso" esse livro do Barthes para fazer um trabalho no meu tempo de faculdade, e ainda hoje me fascina.
Que bom teres vindo recordá-lo:))
Abraço de bom fim de semana
Tive de estudar...esse livro.
Ainda hoje, sou capaz de "declamar" páginas desse trabalho.
Boa e oportuna edição.
Abraço
Gostei da ideia literária de revistar o corpo!
Viva JPD!
Metáforas do corpo plenas de sentido no quotidiano das nossas vidas e que R.Barthes tão bem sabe fantasiar...a pregnânica da imagem associada dá o perfume das metáforas do corpo...Boa escolha e muito bom gosto...
E será que o corpo espelha lealmente o gesto que se desprende mais de dentro, a busca do olhar, os sonhos que por ele nasceram,viveram, morreram?
Será um corpo uma montanha onde as árvores falam do seu solo?
Schiele e as suas mulheres de meias pretas...tão especiais para ele!
Belissimo post, José!
Dois belíssimos excertos.
Duas visões interessantíssimas, qual deas a melhor.
Abraço.
o fascínio do corpo...
porque corpos são realmente fascinantes!
redobra-se o fascínio pelo corpo amado... onde tantas vezes ficamos cegos... e vemos!
gostei muito, jp
um beijo
luísa
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